Decorreu na passada terça-feira, dia 15/04, mais um Encontro ao Serão na Marinha Grande, desta vez dedicado a um tema particularmente sensível: o luto.
A sessão foi apresentada pela Dra. Priscila Garcia, psicóloga clínica, mestre em Psicoterapia e terapeuta de brainspotting.
Todos intuímos de alguma forma o que é o luto, genericamente descrito como:
“Uma resposta natural e adaptativa a uma perda significativa, geralmente associada – mas não restrita – à morte de uma pessoa próxima. Pode haver manifestações de luto na sequência de outras perdas importantes, como a perda gestacional, incapacidades físicas ou mentais, separação ou divórcio, morte de um animal de companhia, perda de objetos de valor afetivo, afastamento de papéis ou de cargos sociais ou por dissolução de projetos de vida.”
Este é um processo individual de dor e transformação, sem tempo certo e que cada pessoa vive à sua maneira. Está associado a diversas manifestações relativamente comuns de ordem física, emocional, cognitiva, comportamental e espiritual, que, resumidamente, se manifestam como:
- Aperto no peito, nó na garganta, perda de apetite, dores musculares, fadiga física, insónia;
- Tristeza, desamparo, sensação de vazio, medo, ansiedade, culpa, revolta;
- Incredulidade, confusão, perceção de irrealidade, dificuldades de atenção e memória, pensamentos ou sonhos recorrentes relacionados com a perda;
- Desorientação, lentificação ou agitação, isolamento social;
- Perda do sentido de vida, sentimento de incompletude e quebra de convicções religiosas.
Considera-se existirem, no processo de luto, várias fases de duração indeterminada e variável de pessoa para pessoa que, resumidamente, passam pela: negação, raiva, depressão e aceitação.
É considerado luto patológico aquele com o qual não se consegue lidar decorrido um ano, não sendo raro haver situações em que nunca se aceite a perda, acabando por se conviver com ela.
Foi abordado o brainspotting, técnica utilizada em determinados estados como o luto e outros, que utiliza o posicionamento dos olhos para aceder e processar traumas emocionais e psicológicos armazenados no cérebro. Este procedimento tem, entre outras, a vantagem de trabalhar emoções armazenadas no inconsciente, sem necessidade de serem verbalizadas.
De seguida, num momento menos formal, algumas das pessoas presentes partilharam as suas experiências de luto, fossem elas pessoais ou de pessoas próximas, o que permitiu uma conversa interessante e intimista.
Desta troca de conhecimento, ideias e experiências, pude concluir que, tal como no amor, também para a dor resultante do luto não há medida.
Cada pessoa é única e irrepetível. Na alegria e na tristeza.

Autor:
Dora Birrento
Coordenadora do voluntariado da Marinha Grande
Post a comment