“Os espelhos são usados para ver o rosto: a arte para ver a alma.”, (George Bernard Shaw)
No passado mês de maio, iniciámos a produção de uma peça artística, cocriada pelos beneficiários de Pombal e pelos alunos da Escola Secundária de Pombal. Esta iniciativa surge no âmbito do Projeto Radices, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, através do Core-Funding do programa Democracia e Sociedade Civil.
Partilho com vocês um pouco da minha experiência nas sessões dinamizadas na delegação da Marinha Grande. É incrível a forma como os nossos idosos se desafiam a cada novo projeto ou atividade que lhes é proposta. Neste projeto em específico, é de salientar a importância do inventar e do criar, e como, com o auxílio das suas mãos “cheias de histórias”, vão construindo peças únicas e irrepetíveis.
“Todos Artesãos Criam os Afetos” é o lema escolhido para decorar a caixinha que contém esta belíssima obra de arte, criada pelos idosos das delegações de Pombal, Leiria e Marinha Grande. Alguns exemplares já foram vendidos na FIABA e nas festas da cidade da Marinha Grande.
E, olhando para este bonito lema, apraz-me dizer que a veia artística que transborda em cada um deles faz-nos realmente perceber o quão bonito é conseguir transmitir afetos e sentimentos através da arte. A arte é, de facto, a linguagem da alma.
A satisfação deles é visível nos seus sorrisos, à medida que vão criando peças bonitas e especiais. Uma das nossas artesãs, a D. Sebastiana, tendo incapacidade visual, sente toda a arte que vai criando apenas com o auxílio do tato.
E assim, dia após dia, sessão após sessão, vamos despertando todos os sentidos — e despertando, em nós e em quem nos rodeia, uma vontade cada vez maior de criar, descobrir e enfrentar esta jornada que é a vida.

Autora:
Rafaela Pereira
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