Foi um fim de semana agradável para mais de uma centena de idosos.
Com sede em Coimbra, a ATLAS atua em todo o território português, para além da cidade-sede, nomeadamente nas cidades de Leiria, Marinha Grande, Pombal, Alcobaça e Batalha, bem como em países em desenvolvimento de língua oficial portuguesa.
A ATLAS é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) e tem como missão intervir na comunidade de forma a criar alavancas de desenvolvimento humano integrado e sustentável, através da promoção do voluntariado e da cooperação.
Foi esta organização que trouxe até à freguesia do Arrabal, e às instalações do Rancho Folclórico do Freixial, idosos de todo o distrito. Enquadrados por mais de duas dezenas de voluntários, puderam desfrutar de um espaço recentemente renovado e cada vez mais acolhedor, onde foi servido um almoço partilhado.
Esta ONG trabalha com base no voluntariado e no acompanhamento de idosos no seu espaço familiar, com equipas compostas por duas pessoas por idoso.
A visita foi uma ação social que envolveu uma equipa fantástica, capaz de transformar o espaço num verdadeiro ambiente familiar. Todos os anciãos presentes foram envolvidos num espírito participativo, com uma forte componente intergeracional, marcada por muitos jogos, música e dança.
“Agradável” é o adjetivo que melhor define este tempo e espaço, bem como a atividade ali realizada.
A visita ao museu ficou para uma próxima oportunidade, pois o tempo não permitiu mais. No entanto, a simpatia e o conforto do espaço tornarão oportuna uma merecida visita ao Museu Etnográfico.
Sabia que pode ajudar a Atlas sem qualquer custo para si? Ao consignar o seu IRS, está a apoiar diretamente os nossos projetos sociais, permitindo-nos continuar a mudar vidas.
Em 2024, conseguimos:
✅ Apoiar 96 idosos em situação de solidão e isolamento.
✅ Auxiliar 95 pessoas (55 crianças e 40 adultos) no projeto Escolas Solidárias.
✅ Sensibilizar 94 jovens com o projeto Mexe-te, promovendo mudanças individuais e sociais.
Para conseguirmos ampliar a nossa intervenção e impactar ainda mais vidas, precisamos de si. Com um simples gesto de consignação do IRS à Atlas, podemos chegar mais longe!
Como consignar o IRS à Atlas?
É fácil e rápido! Basta seguir estes passos:
Aceder ao Portal das Finanças.
Escolher a opção “Comunicar Entidade a Consignar IRS/IVA”.
Introduzir o NIF da Atlas: 508 425 913.
Confirmar e submeter a sua escolha.
✨ Com um simples gesto, pode contribuir para um futuro melhor para muitas pessoas.
A sua ajuda é essencial para continuarmos o nosso trabalho!
📢 Faça a sua consignação à Atlas e ajude-nos a transformar vidas! 💙
A Atlas continua a sua missão de promover a partilha intergeracional e o combate à solidão através do projeto LudicIDADES e outras iniciativas comunitárias. Ao longo do mês de abril, serão realizadas várias sessões de LudicIDADES, bem como atividades especiais em parceria com escolas e associações.
Sessões de LudicIDADES
1 de abril – Marinha Grande | 14h30
2 de abril – Pombal | 14h30
8 de abril – Marinha Grande | 14h30
10 de abril – Pombal | 14h30
15 de abril – Marinha Grande | 14h30
17 de abril – Pombal | 14h30
22 de abril – Leiria e Marinha Grande | 14h30
24 de abril – Pombal | 14h30
29 de abril – Marinha Grande | 14h30
Outras Atividades
3 de abril – Leiria | 14h30
Apresentação do livro Histórias do Brincar na Escola José Saraiva, no âmbito da Semana da Leitura.
8 de abril – Leiria | 10h30
Participação no projeto Cartografias Têxteis em parceria com a Escola D. Dinis e a associação One Peace After Another.
10 de abril – Leiria | 14h30
Nova participação no projeto Cartografias Têxteis em colaboração com a Escola D. Dinis e a associação One Peace After Another.
23 de abril – Escola Francisco Rodrigues Lobo | 9h
Participação da Atlas no Dia do Voluntariado da Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo de Leiria.
Locais das Sessões
Pombal: Rua Miguel Bombarda, nº 13, 3100-445 Pombal.
Marinha Grande: Edifício da Antiga Fábrica da Ivima, Av. 1º de Maio, 2430-210 Marinha Grande.
Leiria: Rua João XXI, nº 12, Loja 10, 2400-137 Leiria.
Ninguém escolhe ser pobre. Ninguém escolhe ser só.
Ninguém escolhe nascer num local do mundo onde não há acesso ao básico (alimentação, saúde, educação). São contingências da vida.
Não são escolhas.
Escolhas são as vossas e as nossas. Nós e vós escolhemos ajudar. Foram escolhas livres e responsáveis. Escolhemos sair de casa, do nosso conforto e dar o nosso tempo. Escolhemos dar o nosso trabalho e o mais relevante dar o nosso coração.
Não iremos provavelmente mudar o mundo, mas vamos de certeza mudar momentos destas pessoas, vamos mudar num ou noutro o curso das suas vidas e vamos mudar em nós e no contágio que fazemos aos outros a fé na humanidade.
A vida, essa coisa maravilhosa que é a vida, é efémera e todos que estamos neste mundo iremos morrer. Temos de escolher entre deixar marcas nos outros ou passar por ela de uma forma levezinha. A obra que deixarmos é tanto mais importante quanto possa ser replicada pelos humanos. O exemplo é o nosso maior legado. Os nossos filhos recordarão mais depressa o carinho que lhes demos do que as casas que lhes deixarmos.
A gratidão parece ser a emoção que gera os maiores níveis de felicidade de uma forma biunívoca. Isto é, ser grato e serem-nos gratos desencadeia em nós sentimentos que nos tornam felizes.
Nós, os voluntários, sabemos quanto nos são gratos aqueles que ajudamos. Mesmo que não nos digam, conseguimos ler nos seus olhos essas mensagens. Estamos gratos aos nossos parceiros, aos nossos financiadores, a todos os que de alguma forma nos apoiam e permitem levar a bom porto os nossos projetos.
A Atlas acabou de completar 17 anos e festejou esse aniversário com os seus voluntários que representam a sua maior riqueza, o seu maior ativo. Foi um momento de olhar para dentro, de agradecer a quem alavanca esta ONGD e a faz dela uma família, e um orgulho de lhe pertencer. Estamos sólidos e fortes na vontade de continuar e de expandir esta ONGD para outras cidades e outras terras mais longiquas. Conseguimos a sobreviver a desânimos e frustrações, sendo que as nossas fragilidades tornam-nos mais coesos e determinados.
A prova desta vitalidade é esta Newsletter que o Rui Bingre e o Américo Oliveira decidiram erguer de novo para divulgar a nossa atividade e levar a todos o que fazemos. Muito obrigada e sucesso para esta equipa redatorial.
Acabamos de juntar 4 pessoas para coadjuvar na coordenação de 2 cidades: A Silvia Gouveia e o Daniel Marques juntaram-se à Isabel Guimarães na coordenação de Leiria, e a Adelaide Conceição e a voluntária Fátima Dias juntaram-se à Ana Paula Cordeiro na coordenação de Pombal. A estes novos elementos agradecemos a disponibilidade e esperamos que continuem a ser felizes nestas novas responsabilidades. Em breve haverá mais novidades de outras cidades.
Os novos e velhos projetos estão aí, precisamos de todos empenhados para superar dificuldades. Continuamos fortes nos Velhos Amigos; nos Cabazes Solidários nas sessões com os idosos nas sedes das cidades. Aguardamos resposta para a candidatura do Kamba Gungo e de outros projetos.
Como dizem lá pelo Gungo e em África, em geral, Estamos Juntos .
No âmbito dos “Encontros ao Serão” promovidos pela Atlas, com o objetivo principal de recolher bens para cabazes solidários, realizou-se na delegação da Marinha Grande, no dia 18, pelas 21h00, mais um evento, desta feita subordinado ao tema “Vinhos, sem medos”.
Deu-se início a este encontro com uma breve apresentação da oradora e com um agradecimento aos presentes.
A dra. Irene ainda agradeceu o excelente contributo em bens alimentares e produtos de higiene que serão uma mais-valia para aa continuação do nosso projeto Escolas Solidárias e do apoio que prestamos para atenuar as necessidades mais básicas de algumas famílias.
A palestra foi orientada pela comunicadora e educadora de vinhos Celma Carreira, que agarrou a audiência de voluntários, parceiros e amigos da Atlas desde o primeiro instante, descomplicando esta temática. Colocaram-se questões, tiraram-se dúvidas e trocaram-se ideias num ambiente muito agradável.
A Celma, com a sua energia e simpatia incríveis, prendeu a atenção do começo ao fim. De discurso fácil a sua comunicação foi clara e envolvente. Aprendemos muito sem perceber o tempo a passar.
Terminámos saboreando um bolinho de Coco sem farinha gentilmente oferecido pela dra. Irene, enquanto imaginávamos que o acompanhamento ideal seria um vinho do Porto branco, de 10 anos.
Autoras:
Dora Birrento, Coordenadora do voluntariado da ATLAS na Marinha Grande
Célia Faustino, Voluntária da ATLAS na Marinha Grande
O Projeto LudicIDADES da Atlas teve início em 2024 e só foi possível graças ao Prémio BPI Seniores BPI Fundação “la Caixa” Seniores 2023. No passado dia 31 de janeiro na Fnac deu-se o “evento de encerramento” deste Projeto, não sem terem sido apresentados planos futuros.
No Ludicidades brincou-se como forma de combater a solidão na velhice, através de Metodologias Participativas dos idosos (criação de Jogos e reminiscências de vivências lúdicas desde a infância à velhice atual) em ambiente de partilha intergeracional, contemplando 3 componentes distintas: Laboratório de Jogos, com o Agilidades; Ateliers de Escrita Biográfica auto-referida, com as Técnicas da Atlas e Ateliers de Jogos.
Os resultados finais deste Projeto estão plasmados em dois produtos: Os jogos cocriados pelos idosos e pelos técnicos da Agilidades: “O caminho dos heróis” e “Poeiras” e o livro: “Ludicidades – histórias do brincar”. Participaram neste projeto 36 idosos de Leiria, Marinha Grande e Pombal , em 59 sessões de jogos e dezenas de sessões para a escrita auto-relatada das histórias do brincar dos idosos.
Tudo isto foi apresentado no evento de encerramento do primeiro ano do Ludicidades, em que estiveram presentes uma centena de participantes de entre os idosos beneficiários, os voluntários, os parceiros, os prestadores de serviços, órgãos da comunicação social e o financiador.
O evento teve contributos externos à Atlas, designadamente parceiros neste Projeto, a Professora Marlene Rosa, que abordou o processo da cocriação de jogos e a ilustradora do livro, Isabel Lourenço.
LudicIDADES constitui-se, pois, uma inovadora intervenção da Atlas com vista a mitigar a solidão das pessoas idosas que vivem em situações de solidão não desejada e isolamento social, em ambiente onde se faz uso do lúdico como forma de socialização e partilha.
LudicIDADES veio para continuar: na Atlas vamos continuar a brincar.
Autora:
Irene Primitivo
Secretária da Direção e Coordenadora Geral da ATLAS
No passado dia 29 de março de 2025, a Atlas comemorou o seu 17º aniversário com um evento especial, reunindo os voluntários para um dia repleto de aprendizagens, desafios e confraternização.
O encontro decorreu na Batalha, no Auditório Municipal, espaço gentilmente cedido pela Câmara Municipal de Batalha e teve início às 14:30. Foi um momento de boas-vindas e de reencontro entre voluntários das diversas delegações, criando um ambiente descontraído e propício à partilha.
Seguiu-se, às 15:00, uma sessão de formação sobre Voluntariado, com a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), dinamizado pela Dra. Paula e pelo Dr. Joaquim, que proporcionaram uma oportunidade de aprendizagem e inspiração para todos os presentes. O evento prosseguiu com a intervenção da Direção, onde foram destacadas as conquistas da Atlas, a visão para o futuro e o momento de agradecimento aos voluntários, pois como a nossa Presidente Dra Helena Vasconcelos referiu, são a principal força da Atlas e sem eles não conseguiríamos desenvolver o nosso trabalho nem seguir a nossa missão.
A tarde continuou com uma atividade interativa e divertida, um peddy-paper pela Vila da Batalha. Esta dinâmica incentivou o trabalho em equipa, o espírito de colaboração e, claro, momentos de animação entre os voluntários, para além de lhes dar a conhecer a bela e histórica Vila da Batalha. Para encerrar o evento em grande, todos os participantes desfrutaram de um lanche convívio reforçando os laços entre os membros da família Atlas e onde pudemos cantar os parabéns à nossa Organização.
Foi um dia inesquecível, onde a energia, o entusiasmo e o sentimento de pertença marcaram presença. Agradecemos a todos os que participaram e contribuíram para o sucesso desta celebração. A todos os voluntários e empresas que gentilmente cederam o lanche, tais como, Cantinho de Picassinos, Atelier do Doce, Panidor e Confeitaria do Vale, o nosso muito obrigada! Que venham muitos mais aniversários cheios de conquistas e momentos especiais!
Fique atento às próximas novidades e eventos da Atlas. Juntos, continuamos a crescer!
Este é um texto acerca de motivações para o voluntariado e de partilha de expetativas de vida entre duas voluntárias… a voluntária da Atlas com mais anos de vida e eu, com cerca de metade da sua idade.
O Rui Bingre, editor da Newsletter, sugeriu-me conhecer a D. Fernanda e trocarmos ideias, jogando, precisamente, com as nossas idades.
A D. Fernanda é voluntária no Concelho de Pombal, desde o início da ATLAS neste território, em 2018. Eu sou voluntária em Leiria, desde 2014. O nosso caminho ainda não se tinha cruzado. Estava com muita curiosidade para conhecer esta senhora, que, fugindo ao expectável pela sua idade, não é beneficiária, mas sim voluntária!
O nosso encontro foi na delegação da ATLAS, em Pombal, e lá me aguardava, à porta, com um sorriso muito ternurento e de forma tranquila, a querida D. Fernanda.
Demo-nos a conhecer. A D. Fernanda tem 90 anos, é mãe de três filhos e avó de dois rapazes, o seu marido faleceu há 33 anos. Estudou na Escola do Magistério Primário e foi Professora Primária. Eu tenho 42 anos, sou casada, mãe de uma menina, estudei Psicologia e sou formadora, em Educação e Formação de Adultos.
Foi interessante descobrirmos afinidades, como o gosto em ensinar e a experiência de ser mãe por volta dos 30 anos. E o que faria a D. Fernanda se, agora, tivesse a minha idade? E a sua resposta foi deliciosa de ouvir: “Não mudava nada. Aos 40 anos há que olhar para o que temos e somos. Foi o ano das grandes decisões: ter ou não mais filhos? Ter ou não casa própria?”Incrível, disse-lhe eu! As questões de vida com que a D. Fernanda se deparou, aos seus 40 anos (então, na década de 70) eram as mesmas para mim (cinco décadas mais à frente, em 2020)… E quais foram as respostas? Iguais para as duas: não ter mais filhos e adquirir casa própria. A D. Fernanda não mudaria nada, porque de forma ativa, em família, tomaram o rumo necessário, em coerência com as suas decisões.
Neste “jogo” de nos vermos com a idade uma da outra, expressei o quanto gostaria de, também aos 90 anos, poder agir como a D. Fernanda: com alegria de viver, tendo uma vida diária na qual me fosse possível conviver com o grupo de amigos e com a família e estar ativa, por exemplo, num voluntariado.
As motivações para se ser voluntária são as mesmas, aos 42 e aos 90 anos: interesse pelas pessoas e pelo meio que nos rodeia, querendo ajudar e contribuir para o bem-estar dos outros e gosto em conviver. Para a D. Fernanda acresce o facto de ser importante sentir-se ativa, na sua comunidade, como forma de não se isolar. Então, aprecia o facto de as pessoas que vai conhecendo no voluntariado (os outros voluntários e os beneficiários) mostrarem estima por si, por ser participativa, e sente-se grata por ser capaz de o fazer. Como disse a D. Fernanda: “Nesta idade, as pessoas darem-me valor é muito importante para mim, é quase que uma vaidade, é uma satisfação”.
Faço parte da equipa de voluntárias que dinamiza as sessões de actividades que acontecem semanalmente na Delegação da ATLAS em Pombal.
São sessões já por si bastante interessantes, em que fazemos o convite a quem está sozinho em casa, que venha passar a tarde num convívio informal, com actividades lúdicas ou simplesmente conversar.
É neste ambiente que surge o Projecto Radices, que veio enriquecer estas tardes!
E porquê? Muito simplesmente porque trouxe um propósito, um projecto de trabalho, de certa forma a responsabilidade de produzir a peça que foi idealizada em conjunto com jovens e idosos (como aqui já explicado).
“Fazer peneiras”, expressão mais utilizada, é decorar a peneira, com criatividade, escolher a cor do trapilho, o ponto, o entrançado, mas sempre com a preocupação de diversificar e que ficasse bonita e perfeita, para que resultasse uma Peneirenta pronta a ser vendida.
Foram horas em o que pensamento estava ali, passavam depressa, mas deixavam um bonito e colorido resultado!
A dedicação e disponibilidade das voluntárias assíduas (Adelaide, Regina, Margarida) e das técnicas (Sara e Patrícia) foram essenciais para que as sessões fossem sempre acompanhadas, que houvesse material e que decorressem de uma forma natural, mas como planeada.
Passámos uma época natalícia e foram vários os netos, os filhos, noras, sobrinhos que no Natal de 2023 foram presenteados por uma peneirenta. E o seu presente foi a avó, a tia, a mãe, a cunhada que o fez, no âmbito deste projecto, em ambiente de partilha de emoções, como muito
Quando a Drª Irene Bingre do Amaral me abordou, para me apresentar um Projeto que estava a acarinhar eu logo soube que seria algo muito significante e aliciante, como todos os projetos em que se envolve. A proposta que me apresentou ia ao encontro dos propósitos do projeto Cultural do Agrupamento de Escolas D. Dinis que coordeno, no âmbito do Plano Nacional das Artes.
O Plano Nacional das Artes, desenvolvido pelas áreas governativas da Cultura e da Educação, tem como objetivo “tornar as artes mais acessíveis aos cidadãos, através da comunidade educativa, promovendo a participação, fruição e criação cultural, numa lógica de inclusão e aprendizagem ao longo da vida. Pretende incentivar o compromisso cultural das comunidades e organizações e desenvolver redes de colaboração e parcerias com entidades públicas e privadas.”
Ora, no âmbito do Plano Nacional das Artes, o Agrupamento de Escolas D. Dinis desenvolvia um Projeto Cultural de Escola que assentava na Cultura Popular Portuguesa e, em especial, na nossa região, o qual designou por “CULTURA imPOPULAR – reabilitar tradições”.
Pretendia essencialmente centrar a sua atenção nos costumes, crenças, lendas, músicas, artefactos e memórias que representassem uma identidade comunitária. Pretendia combater o esquecimento de algumas manifestações da cultura de origem popular, pouco celebradas nas nossas escolas e que são identitárias. Pretendíamos assim, uma reabilitação e não apenas recuperação, cientes de que “o progresso e as mudanças que ele provoca podem tanto enriquecer uma cultura como destruí-la para sempre.”, como nos alerta a UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Ouro sobre azul, ficámos muito agradados pelo facto de, numa convergência de propósitos, podermos concretizar parte dos nossos objetivos com o Projeto RADICES, numa honrosa colaboração com o Atlas, e que promoveu o encontro de duas distantes gerações. Os mais velhos, trouxeram então ao juvenil Grupo do Clube das Artes/PCE, a Cultura Popular/Impopular e numa voz, procurou-se recuperar e renovar algum artefacto moribundo.
Iniciou-se assim uma conversa à volta de extravagantes artefactos e conceitos, aos ouvidos dos mais novos, como selhas, cântaros, alqueire, meio alqueire, quarta … peneiras (eu também aprendi a diferença entre uma vulgar peneira e um crivo), maceiro, malho da debulha, ocarina, etc, invocando saudosas recordações e afetos e fazendo germinar também novos afetos entre os presentes. Feito o brainstorming que em português, com boa vontade se traduz por cavaqueira, elegemos o nosso objeto/artefacto – a peneira de madeira.
Importava agora reabilitá-la. Para tal, recorreu-se às técnicas de tecelagem, que os alunos já conheciam, e que recordámos num pequeno exercício realizado por todos, em papéis com cores vibrantes.
Os mais afoitos, empunharam berbequins – os documentos fotográficos atestam a sua bravura – e perfuraram peneiras fazendo delas teares que receberam coloridos fios de trapilho, onde se exploraram paletas cromáticas, laços e nós diversificados. Esta equipa intergeracional, fardada com aventais personalizados, uma intervenção serigráfica que contou com o apoio do artista António Palmeira, nas instalações do Instituto Português do Desporto e Juventude, deu asas à imaginação.
As nossas peneiras ficaram tão vaidosas que logo foram batizadas de Peneirentas.
Nascidas e apadrinhadas, logo reclamaram a sua independência e rumaram a outros territórios. No atelier da escola, ficaram alguns fios espalhados a fazer desenhos de rastos, talvez dos barquinhos de origami que todos fizemos no dia em que içamos as nossas âncoras e iniciámos esta viagem. Também os nossos alunos, maioritariamente do 9º ano, zarparam para o ensino secundário. Ficaram as mesas semivazias. Ficou o cheirinho de queques a lembrar a partilha, a dádiva, e o feliz reencontro de gerações. Em nome do Agrupamento, agradeço esta boa memória e a experiência enriquecedora que foi proporcionada aos nossos alunos.
Autora: Isabel Lourenço
Professora de Artes Visuais
Coordenadora do Plano Nacional das Artes no Agrupamento de Escolas D. Dinis, Leiria
Comentários