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Atlas: Os primeiros passos


O Atlas está de parabéns! Sinto-me honrada pelo convite para relatar os primeiros passos do Atlas há 14 anos. É com admiração que olho para a sua história.

Como e por que nasceu o Atlas? Dizem que “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Para mim, o sonho começou quando acordei da anestesia. Foi num hospital, no recobro de uma cirurgia, que a minha amiga “Rusa” (Maria do Rosário) me falou da sua ideia. Depois de ter trabalhado em cooperação para o desenvolvimento, em Lisboa, sentia que em Coimbra faltava “animação”. A ideia central: promover a realização do potencial humano, especialmente onde as circunstâncias fossem adversas. A ideia germinou em mim, acabando por encontrar eco num certo vazio que eu não via preenchido pelos meus estudos na universidade. Decidi abraçar esta aventura.

A primeira sede no Atlas foi na Solum. Com móveis doados e decoração verde-alface e vermelha, abrimos as portas a Coimbra e ao mundo. Os primeiros passos eram claros: formar equipa, redigir os estatutos e obter a designação de Organização Não Governamental, estabelecer contactos na área, delinear as nossas primeiras aventuras e escrever candidaturas. Os eixos de acção mantêm-se fortes desde o início: a cooperação para o desenvolvimento, a educação para o desenvolvimento (os objetivos do Milénio), e o desenvolvimento local. Muitos entusiastas juntaram-se e contribuíram das mais variadas formas. O Filipe Bento emprestou o seu talento de designer para criar o sorriso do nosso logotipo. Os MotoXplorers fizeram raids de mota solidários. A Helena Vasconcelos visitou o orfanato angolano onde muitas crianças foram apadrinhadas e conquistaram corações além-mar. A Jovana, especialista em relações internacionais, promoveu a construção da rede de contatos. E tantos mais foram os contributos que se multiplicaram e construíram o Atlas. O Atlas é movido por pessoas extremamente ocupadas mas, como disse a Cândida numa das primeiras assembleias gerais (parafraseando a citação do seu avô): “se queres algo bem feito, fá-lo tu ou entrega-lo a alguém com muito que fazer”.

E, claro, não podíamos deixar de ir para fora cá dentro. Queríamos criar laços na cidade natal do Atlas. Os primeiros contactos com a vereadora da Câmara Municipal de Coimbra foram produtivos – aprendemos que, na Alta de Coimbra, os apoios sociais não tinham alcance para as necessidades de muitas pessoas, especialmente ao fim de semana. Não foi difícil encontrar restaurantes que nos apoiassem e ainda mais expedito foi o crescimento do corpo de voluntários. As amizades deste projeto, inicialmente intitulado “Alta de Coimbra” expandiram-se e fortaleceram-se, chegando a outras cidades no que hoje é o projeto “Velhos Amigos”.

Motivos profissionais levaram-me a outras paragens mas o Atlas continuou a crescer sobre outra direção. Agora na sua adolescência, está mais enérgico do que nunca e à minha memória da sua infância faltam os detalhes. Nítida permanece a noção de determinação e compromisso com que os projetos continuam e a força dos laços duradouros e sorrisos que criam.

O Atlas está de parabéns e, com ele, todos os idealistas e incansáveis heróis do quotidiano que dão a sua vontade, tempo e energia a tanta gente. Com um profundo sentimento de gratidão, desejo uma longa vida ao Atlas, muita força a todos, que os apoios e financiamento continuem a existir, e, sobretudo, que disfrutemos de cada momento!

Autora
Ana Pina

Vogal e sócia co-fundadora do Atlas. Nascida no Porto há 35 anos, estudou e viveu em Coimbra e em Lisboa. Trabalha atualmente em Freiburg como dermatopatologista.

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